Gestão Escolar
BNCC no Ensino Médio – como adotar na sua escola?
Publicado em 20 de outubro de 2021Atualizado em 24 de novembro de 2021.
Você provavelmente já sabe que, a partir de 2022, passará a ser obrigatória a adaptação das escolas para as diretrizes do Novo Ensino Médio, certo?
Essa reforma foi estabelecida pelo governo federal como resultado da homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) em 2017. O documento orienta as principais competências a serem trabalhadas pelas escolas e serve como base para a construção dos currículos escolares.
Se você ainda não adequou a sua escola às novidades trazidas pela BNCC, acompanhe a leitura deste artigo até o final. Nós vamos explicar melhor o que é e como funciona a BNCC e trazer algumas orientações para adotar a base comum na sua instituição de ensino. Confira!
O que é a BNCC?
Basicamente, a Base Nacional Comum Curricular, mais conhecida pela sigla BNCC, trata-se de um conjunto de orientações elaboradas pelo Ministério da Educação (MEC) para nortear a educação geral básica nas escolas brasileiras.
Esse documento foi homologado em 2018 e passou a atuar como um guia para que as instituições de ensino fundamental e médio saibam quais as principais competências e habilidades que devem ser trabalhadas com os estudantes no currículo escolar. O objetivo é preparar os jovens para se tornarem cidadãos mais conscientes e autônomos.
A homologação da BNCC faz parte de uma série de medidas implementadas pelo MEC — como a reforma do ensino médio —, as quais buscam fazer com que o cenário da educação básica no Brasil seja melhorado e as crianças e adolescentes possam ter acesso a uma formação mais completa.
Na BNCC, estão previstas diversas competências a ser abordadas e aplicadas em sala de aula, desenvolvendo diferentes grupos de habilidades nos estudantes. Elas buscam fomentar, por exemplo, a capacidade de resolução de problemas, a socialização dos jovens e o preparo para exercer a cidadania plenamente.
No entanto, vale ressaltar que as competências mencionadas na Base Curricular devem servir apenas como um direcionamento para que as escolas formem os seus currículos escolares, privilegiando o desenvolvimento das habilidades dos estudantes para serem capazes de lidar com os variados desafios da vida.
Em outras palavras, na prática, as diretrizes da BNCC não incluem disciplinas tradicionais, como Matemática, Português e Geografia, e sim competências, como pensamento crítico, cultura digital, autoconhecimento, empatia e cooperação, as quais pretendem formar pessoas mais conscientes e responsáveis.
Histórico da BNCC
As discussões sobre o estabelecimento da BNCC começaram ainda em 2015, quando uma comissão de especialistas e assessores do governo se reuniu no I Seminário Interinstitucional para elaborar uma proposta de Base Curricular.
Nos anos seguintes, escolas e educadores se mobilizaram para uma discussão acerca do documento e uma primeira versão foi disponibilizada. Entre 2016 e 2017, mais duas versões foram desenvolvidas pelo Ministério da Educação e pelo Conselho Nacional de Educação (CNE).
Então, em 2017 a BNCC correspondente às etapas da educação infantil e ensino fundamental foi homologada pelo MEC, seguida em 2018 pela versão destinada ao ensino médio. Com isso, o Brasil passou a ter uma base com as aprendizagens previstas para toda a educação básica.
Como a BNCC enxerga o Ensino Médio?
A Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio será orientada por 10 competências gerais, que formam um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores. São elas:
- conhecimento;
- pensamento científico, crítico e criativo;
- repertório cultural;
- comunicação;
- cultura digital;
- trabalho e projeto de vida;
- argumentação;
- autoconhecimento e autocuidado;
- empatia e cooperação;
- responsabilidade e cidadania.
O foco da BNCC está em estimular o protagonismo dos estudantes como cidadãos, dando um olhar à formação que ultrapassa a preparação para o vestibular e a vida profissional. A ideia é que, a partir das novas competências, os jovens possam desenhar seus projetos de vida com autonomia e amplitude.
Com base na BNCC, o ensino médio passa a ser organizado em quatro áreas do conhecimento:
- Linguagens e suas Tecnologias (Língua Portuguesa, Artes, Educação Física e Língua Inglesa);
- Matemática e suas Tecnologias;
- Ciências da Natureza e suas Tecnologias (Biologia, Física e Química);
- Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (História, Geografia, Sociologia e Filosofia).
Português e Matemática serão os únicos componentes obrigatórios para os 3 anos do ensino médio. As demais áreas do conhecimento serão distribuídas ao longo do período, de acordo com a opção dos estudantes.
Isso porque o novo ensino médio, construído com base na BNCC, conta, além da formação geral básica, com os chamados itinerários formativos.
Trata-se de um modelo em que o jovem escolhe um aprofundamento em uma determinada área do conhecimento, que pode se desdobrar em variadas opções de especialização (inclusive profissionalizante), de acordo com a disponibilidade das escolas.
Os estudantes terão até 1.800 horas de carga horária na formação geral básica e, no mínimo, 1.200 horas flexíveis, reservadas para os itinerários formativos. Essa carga horária será dividida ao longo dos três anos de ensino médio.
Orientações para adotar a BNCC na escola
Com a homologação da BNCC, as mudanças no ensino médio já começaram a entrar em vigor desde 2020, de forma escalonada. A partir de 2022, o novo modelo passará a ser obrigatório em todas as instituições de ensino para os estudantes do primeiro ano e, até 2024, deverá estar implementado em todas as turmas de ensino médio do País.
Os educadores que já começaram a trabalhar com a BNCC têm apresentado resultados promissores.
Numa pesquisa realizada entre os meses de setembro e outubro de 2020, o Instituto Datafolha e a Fundação Lemann ouviram cerca de mil professores da rede pública. Destes, 90% concordaram que as diretrizes têm sido uma referência, guiando o que é prioridade no ensino em um período desafiador como o da pandemia.
Além disso, 88% afirmam que a BNCC ajuda a planejar aulas mais engajadoras, enquanto 89% acreditam que ela auxilia no diagnóstico da aprendizagem dos jovens.
A seguir você confere as dicas do Poliedro Sistema para adotar a BNCC na escola.
1. Reformulação curricular
A implementação da Base Nacional Comum Curricular nas instituições de ensino deve começar pela revisão e pela reformulação do currículo escolar.
Isso porque, com a chegada dos itinerários formativos e da divisão das habilidades nas áreas do conhecimento, os currículos precisarão ser atualizados para se adequarem à nova realidade.
Além disso, a escola precisará revisar também o seu Projeto Político Pedagógico, garantindo que ele esteja alinhado com as novas competências estabelecidas pela BNCC.
Nesse momento, é fundamental envolver a comunidade escolar — constituída pelos pais, estudantes e professores — a fim de que participe da reformulação curricular e ajude a construir um projeto pedagógico alinhado com os valores da escola.
2. Formação do corpo docente
O corpo docente da escola e os demais profissionais que atuam na formação dos estudantes, como monitores, coordenadores e plantonistas, também devem estar engajados com a implantação da BNCC na instituição.
É preciso fornecer uma formação complementar que explique as mudanças no modelo de ensino e garanta a formação dos professores para assumirem esse novo desafio. Afinal, eles serão os responsáveis por transportar as competências e conhecimentos previstos na BNCC para a realidade das salas de aula.
Dessa forma, é importante garantir que o corpo docente conheça a fundo a essência e a relevância das mudanças propostas, além da maneira como essas atualizações serão traduzidas na prática pedagógica diária.
3. Atualização dos materiais didáticos
Os materiais didáticos e recursos utilizados pela escola também precisarão passar por um processo de revisão e atualização para que atendam às diretrizes da BNCC.
As instituições de ensino devem garantir que o material disponibilizado aos estudantes de ensino médio corresponda à nova divisão aos jovens (que será de acordo com as áreas do conhecimento) e dialogue com o novo currículo escolar.
Além disso, será preciso preparar um material adequado aos itinerários formativos ofertados pelo colégio aos jovens.
4. Diálogo com a comunidade escolar
É essencial que a escola esteja bem aparelhada para esclarecer a comunidade escolar sobre como funcionarão as mudanças decorrentes da implementação da BNCC.
Esse processo deve ser conduzido com clareza e transparência. Além disso, os canais de comunicação e os profissionais da instituição de ensino devem estar preparados para explicar todas as mudanças aos pais e responsáveis. Estes devem estar cientes da importância da BNCC para melhorar a qualidade da educação básica e formar cidadãos mais autônomos e capazes. Com isso, eles poderão até mesmo ajudar na transição para o novo modelo de ensino, orientando seus filhos e permitindo que eles assumam esse protagonismo no processo de aprendizagem.
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