Educação Infantil
Entenda as fases do desenvolvimento infantil
Publicado em 08 de junho de 2022Atualizado em 03 de novembro de 2022.
Estudiosos do desenvolvimento infantil elaboraram teorias complexas sobre as fases pelas quais a criança passa até chegar à vida adulta, bem como as características de cada uma e sua relação com o aprendizado.
Os nomes mais conhecidos e utilizados como referência no âmbito da educação, quando são abordadas as fases do desenvolvimento infantil, são, certamente, Freud, Piaget e Vygotsky.
Conhecer as fases do desenvolvimento infantil é essencial para professores e gestores escolares, pois elas são consideradas ponto de partida para a elaboração de uma proposta pedagógica. Leia o texto que preparamos para entender melhor sobre o que esperar das crianças e dos adolescentes durante cada etapas.
Por que é importante acompanhar o desenvolvimento infantil?
Quando pensamos em fases do desenvolvimento, estamos referindo-nos a estágios comuns para todas as crianças, sob determinados aspectos, embora existam especificidades que dependem de muitos outros fatores.
A psicologia da infância é uma forma de conhecimento relativamente nova, porém muito tem contribuído para o âmbito da Educação, e é a partir dela que podemos compreender a infância sob o olhar de outros aspectos, além do físico.
Dessa forma, crescer não envolve apenas o crescimento do corpo, mas sim a relação da criança com seu próprio corpo e com o componente afetivo e social. Essa relação foi objeto de estudo de Freud, assim como o desenvolvimento cognitivo foi foco dos estudos de Jean Piaget.
Aliados a outras dimensões da psicologia da infância, pensar no desenvolvimento infantil é compreender as etapas pelas quais as crianças vivenciam. Portanto, é necessário elaborar o planejamento pedagógico considerando foco cognitivo, a capacidade corporal e o que as crianças precisam desenvolver na faixa etária em que se encontram.
Desenvolvimento Infantil Diversificado
Já sabemos que o desenvolvimento das crianças e dos adolescentes passa por diversas etapas caracterizadas como Fases do Desenvolvimento. É válido considerar que existem muitas dimensões do desenvolvimento.
Para elaborar planejamentos pedagógicos e propostas de acordo com as fases da Educação Infantil, é preciso compreender os diferentes aspectos exigidos pela BNCC, que estão para além das tradicionais atividades que visam apenas o crescimento do corpo.
A seguir, acompanhe cada uma dessas dimensões e suas relações com a escola.
Desenvolvimento Físico
O corpo da criança cresce e se desenvolve também no ambiente escolar, já que é neste espaço que elas passam a maior parte do seu dia.
Ao considerar o desenvolvimento como um aspecto físico, a escola permite que a sua proposta pedagógica esteja voltada para cada etapa do desenvolvimento.
A criança que está desenvolvendo sua coordenação motora, seu movimento de andar, precisa de espaço para dar os primeiros passos em segurança; sua fala também precisa ser desenvolvida com base em atividades elaboradas para este fim.
Desenvolvimento Social
O desenvolvimento social da criança está totalmente articulado com sua construção de conhecimento. Essa é uma das teorias mais utilizadas no âmbito da educação, e foi elaborada por um dos maiores teóricos da área, Lev Vygotsky.
Vygotsky desenvolveu a teoria sociointeracionista, a qual define o desenvolvimento infantil a partir da convivência social e da interação com os pares. Assim, os saberes, sobretudo, a linguagem, são melhores apreendidos se considerarmos a convivência infantil e dos adolescentes no ambiente escolar.
A proposta do desenvolvimento a partir do olhar sociointeracionista possui ainda estreita relação com o uso dos diversos gêneros textuais em situações sociais diferenciadas, que é um dos pontos elencados pela BNCC para a alfabetização, além de situações-problemas envolvendo números, cálculos e gráficos diversos.
Desenvolvimento Afetivo
O desenvolvimento afetivo é um dos aspectos mais estudados pela psicologia da infância e foi foco da obra de Freud, se tornando fundamental para o desenvolvimento da proposta pedagógica nas instituições escolares.
Por intermédio do conhecimento das fases do desenvolvimento, segundo Freud, a escola pode compreender melhor as fases afetivas da criança.
Nos primeiros anos de vida, entre 1 e 5 anos, a criança apresenta dificuldade em compartilhar brinquedos e, aos poucos, com o apoio de atividades coletivas ela consegue compartilhar e compreender as regras sociais.
Além disso, conhecer e entender o desenvolvimento afetivo é essencial para saber como lidar com a agressividade, a indisciplina, a hipersensibilidade, o bullying e outras situações comuns à escola e que se tornam verdadeiros desafios para os educadores.
Desenvolvimento Cognitivo
O desenvolvimento cognitivo é o ponto do desenvolvimento infantil mais trabalhado pela escola. Considerando sempre outros fatores envolvidos no crescimento, a cognição é o aspecto fundamental para a vida escolar infantil, por isso, as etapas pesquisadas e conceituadas por Piaget são muito importantes para a construção da proposta pedagógica.
Segundo o biólogo suíço, existem quatro etapas do desenvolvimento cognitivo da criança. Essas fases se tornaram o cerne da teoria construtivista, muito utilizada na elaboração de propostas pedagógicas, sobretudo no campo da Matemática e das Ciências Exatas, mas que também conta com contribuições muito importantes para a escrita e a leitura.
1ª Fase: Sensório-motor.
O período sensório-motor vai do nascimento da criança até os dois anos de vida, aproximadamente. É nessa fase que a criança desenvolve reflexos e controla-os, também se inicia o controle motor. Também é a fase que precede a fala das crianças, e é de extrema importância para o desenvolvimento cognitivo delas, já que o mundo físico começa a ser percebido por elas nessa etapa.
2ª Fase: Pré-operatório.
Começa, aproximadamente, aos dois anos de idade e vai até os sete. É nopré-operatório que a criança inicia e conclui seu desenvolvimento verbal, por isso começa a usar símbolos para se expressar.
Muito conhecido pelo egocentrismo. Nesse período, a criança se sente o centro das atenções, apresenta dificuldades em dividir brinquedos e somente considera sua própria visão para compreender o mundo.
Piaget considerava muito importante que, a partir dos quatro anos de idade, fosse mostrado para a criança outros pontos de vista e outras formas de ver o mundo diferentes da dela, para que assim ela pudesse ampliar seu desenvolvimento cognitivo.
3ª Fase: Operações concretas
Dos sete aos doze anos a criança já é capaz de compreender conceitos.
É nessa fase, da educação matemática, que os estudantes precisam da oferta de materiais concretos para compreender conceitos sobre as operações matemáticas, como divisões com figurinhas e uso de material dourado, para apreender o uso das ordens e das classes numéricas.
A escola precisa conceber que a criança, durante essa fase, ainda possui dificuldade em assimilar conceitos abstratos. Por isso, o trabalho precisa partir e estar ligado ao universo conhecido e apresentado pela escola à criança.
4ª Fase: Operações formais
Inicia-se próximo aos doze anos de idade e é considerada a última fase da teoria piagetiana.
A principal característica desse período é o desenvolvimento da autonomia da criança, quando ela começa a ser capaz de pensar a partir de abstrações. Essa capacidade faz completa diferença no aprendizado matemático.
Além da Matemática, o Construtivismo piagetiano foi também aplicado por estudiosos, como a teórica psicolinguística argentina Emília Ferreiro, em outras áreas do desenvolvimento (a linguagem), considerando a dimensão simbólica que a língua possui.
O mais importante sobre essas fases, tanto as estudadas por Freud, quanto as por Piaget, é que elas não devem ser consideradas como aspectos para limitar as crianças, mas sim para educadores compreenderem o que deve esperar das crianças e como elaborar planejamentos pedagógicos condizentes com as possibilidades reais de cada etapa.
Como a escola deve impulsionar o desenvolvimento em cada fase
É muito importante que o material didático e o espaço da escola sejam adequados ao desenvolvimento infantil de acordo com as fases, considerando o que a criança necessita aprender e ter acesso naquele momento.
As fases do desenvolvimento não são limitantes. Não é porque uma criança ainda está desenvolvendo a linguagem, que o ambiente escolar não deverá ser letrado. Ao contrário, a exposição às letras insere crianças de qualquer idade no mundo da escrita.
Não é ideal, no entanto, que haja desencontro entre o que a criança já consegue compreender e a proposta pedagógica. Uma criança que consegue decifrar sílabas, mas ainda não desenvolveu a oralidade, noção de espaço e não compreende o básico sobre o uso da linguagem, certamente fará apenas uso mecânico da leitura, sem a sua compreensão, deixando de lado aspectos importantíssimos para seu desenvolvimento.
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