Metodologias de Ensino
Interacionismo: entenda tudo sobre o tema
Publicado em 29 de junho de 2022Atualizado em 03 de novembro de 2022.
A partir das teorias interacionistas, foi possível analisarmos que a aprendizagem não acontece apenas por fatores internos ao sujeito, mas também pela interação do indivíduo com o ambiente externo. Entre os principais representantes do interacionismo, podemos citar Jean Piaget e Lev Vygotsky.
Leia o texto completo e conheça mais sobre o interacionismo e suas vertentes, além de aprender a construir propostas pedagógicas baseadas nessa metodologia e conhecer todas as suas vantagens. Acompanhe!
Como surge o interacionismo?
Interacionismo é a vertente pedagógica a qual acredita que a interação das pessoas com o meio e os objetos é preponderante para a aprendizagem.
Dois teóricos são fundamentais para pensarmos sobre as teorias interacionistas. O primeiro é o suíço Jean Piaget. Biólogo, debruçou-se sobre os processos de aprendizagem e desenvolveu a teoria interacionista, atualmente, ela é base para propostas conhecidas como construtivistas.
Já Lev Vygotsky, psicólogo bielorusso, pensou o interacionismo considerando especialmente sua natureza sociocultural, por isso sua teoria é chamada de sociointeracionista.
O fato de que Piaget e Vygotsky pensaram sobre a interação, embora de formas diferenciadas entre si, é o motivo pelo qual muitas propostas pedagógicas atuais sejam chamadas de socioconstrutivistas, buscando aliar o pensamento e a metodologia de dois dos mais importantes teóricos da Educação.
A base comum do interacionismo considera que os seres humanos constroem o conhecimento a partir do “erro”. Uma criança pequena conhece o espaço ao seu redor e aprende a se equilibrar considerando suas quedas e seus limites. A aprendizagem, sob a ótica interacionista, é um caminho construído a partir de hipóteses que consideram o erro como parte importante dessa construção.
Interacionismo simbólico de Jean Piaget
Para Piaget, a forma com que os seres humanos desenvolvem o conhecimento é o que o diferencia dos outros seres vivos. Assim, Piaget se dedicou a construir a teoria do conhecimento e realizou laboratório cujas observações deram-se a respeito das experiências de suas próprias filhas, quando ainda pequenas. Ele também foi um grande teórico para compreensão das etapas do desenvolvimento infantil.
Uma curiosidade sobre a teoria e os experimentos de Piaget, é que ele não buscou focar no final da aprendizagem, ou seja, nos resultados obtidos pela criança ao fim de um dado percurso, mas no percurso em si. O biólogo se importou mais em compreender como a criança aprende do que no quanto ou no que ela aprende.
Em sua teoria, toda criança passa por estágios do conhecimento. Esses estágios se tornaram muito conhecidos na Pedagogia e são considerados a base da proposta de muitas instituições de ensino.
Observando a interação das crianças com o seu objeto e com seus pares, Piaget percebe que ela é simbólica. Dessa forma, entre as décadas de 1930-40, outros teóricos fundamentados na teoria de Piaget cunharam o termo interacionismo simbólico para definir a teoria que consideram como interação a partir de simbolismos sociais.
Os simbolismos podem ser percebidos quando uma criança envolve-se no universo do faz de conta e dele extrai suas brincadeiras, buscando representar por meio dos símbolos, estabelecendo essa relação também na aprendizagem matemática, quando desenha para fazer cálculos de adição ou divisão.
Sociointeracionismo de Lev Vygotsky
A principal diferença na obra de Piaget é que ele coloca o foco de suas pesquisas na interação do sujeito com o objeto. Assim, sua teoria é considerada focada no sujeito como estruturante.
Já para Vygotsky, a interação é o foco. Sua teoria também é considerada construtivista e interacionista porque o psicólogo nos afirma que a criança se desenvolve e modifica sua aprendizagem à medida em que internaliza experiências externas.
Uma grande diferença da teoria dos dois teóricos é também que Vygotsky se dedicou ao estudo da função da linguagem para aquisição do conhecimento e do mecanismo da interação, enquanto Piaget estabeleceu seu foco no pensamento.
Esse fator diferenciador evidencia mais uma vez que Piaget estrutura sua teoria no sujeito pensante, enquanto Vygotsky parte do princípio da interação, mediada pela linguagem. Assim, a teoria sociointeracionista ensina que a aprendizagem não seria determinada a partir de fatores congênitos, mas na medida em que os indivíduos são expostos à interação produtiva, mediada pela linguagem e pela cultura.
Proposta pedagógica: interacionismo
Podemos pensar em uma proposta pedagógica interacionista especialmente a partir dos seguintes pontos:
Objetos concretos
Piaget trouxe a importância do conhecimento concreto para posterior abstração. Dessa forma, sabemos que uma criança que não compreendeu conceitos matemáticos no plano concreto, dificilmente se apropriará deles no plano abstrato.
Dessa forma, é muito importante que a proposta pedagógica escolar ofereça às crianças o máximo de contato com jogos numéricos, envolvendo as quatro operações básicas, cujo foco principal seja auxiliar as crianças a estabelecer valor posicional dos números por meio de brincadeiras, permitindo-lhes experimentar o caráter simbólico da linguagem escrita.
Interação entre idades
A interação entre as crianças precisa estar presente nas atividades desde a Educação Infantil, fator que também foi considerado como Eixo Fundamental na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Segundo a teoria interacionista, crianças menores aprendem com as que já estão em fases mais avançadas do conhecimento, por isso, as atividades entre as diferentes séries escolares podem oferecer ganhos na aprendizagem dos estudantes.
Uso social da linguagem
Este também foi um parâmetro de bastante destaque na proposta de alfabetização da BNCC e que é um dos focos da teoria interacionista. Vygotsky considerava que a criança aprende enquanto é mediada pelos usos sociais da linguagem.
Assim, trabalhar com diversos gêneros textuais, placas e rótulos de produtos é uma forma lúdica de desenvolver a aprendizagem da leitura e da escrita, estimulando a interação entre as crianças por meio da linguagem.
O “erro” como fator de construção da aprendizagem
Segundo a proposta interacionista, não há erro que não tenha utilidade pedagógica. Dessa forma, as crianças não devem se sentir derrotadas diante do erro, mas precisam aprender a construir e pensar a partir dele.
Portanto, textos com erros ortográficos podem ser uma ótima oportunidade para promover às crianças a revisão de suas escritas.
As fases da escrita também são ótimos exemplos de revisão do conceito de erro na visão interacionista. Conforme a criança vai avançando, ela adquire noções acerca do código linguístico, em consequência sua escrita se torna mais próxima da ortografia correta.
Entre as principais vantagens de uma proposta pedagógica interacionista é que ela é composta por metodologias ativas de aprendizagem. Dessa forma, a criança tem mais oportunidade de construir seu conhecimento por meio de jogos e interações, tornando a escola mais atrativa e a aprendizagem desafiadora!
Se você gostou desse conteúdo, não deixe de conhecer mais sobre a proposta pedagógica do Sistema Poliedro!