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Socioemocional

Educação socioemocional para professores: cuidando de quem educa

Publicado em 18 de abril de 2024Atualizado em 01 de agosto de 2024.

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Educação Socioemocional para professores

A educação socioemocional para professores é fundamental para a saúde mental destes e para a construção de um ambiente escolar saudável e propício ao aprendizado.

Cuidar da saúde emocional de quem educa é tão importante quanto a formação acadêmica. Isso porque professores emocionalmente saudáveis criam espaços de afeto, segurança e confiança, essenciais para que o conhecimento seja transmitido da melhor forma, e para que os alunos se sintam motivados e abertos a absorvê-los.

Neste artigo, três especialistas do Poliedro Sistema de Ensino reuniram-se em uma discussão rica sobre o assunto. Sob a mediação de Fernanda Blondin — gestora de produtos —, Jéssica Pontes — especialista em educação socioemocional — e Giovanna Wrubel — editora de educação socioemocional — expuseram sua visão sobre o assunto e trouxeram dicas para apoiar os professores na jornada de cuidado com a própria saúde mental. Continue a leitura!

Principais desafios enfrentados por professores

Estudos recentes apontaram que a saúde mental dos professores está sob pressão crescente. Uma pesquisa realizada pela Nova Escola em parceria com o Instituto Ame Sua Mente tornou isso ainda mais evidente: entre 5 mil professores respondentes, 60,1% relataram vivenciar frequentes episódios de ansiedade. Além disso, quase metade dos participantes (48,1%) mencionou enfrentar baixo rendimento e cansaço excessivo, enquanto problemas com sono foram apontados por 41,1% dos respondentes.

Outro estudo, conduzido pela Universidade Federal de São Paulo, também destacou a gravidade da situação e apontou que a Síndrome de Burnout afeta um em cada três professores. Entre os principais fatores que desencadeiam esse cenário estão os salários defasados, a violência nas escolas e a constante pressão por resultados.

Diante disso, a especialista Jéssica Pontes ressaltou que, segundo o relato de uma professora psicóloga da PUC-SP, os professores adoecidos mentalmente são aqueles que mais investem em trabalho, isto é, são os mais engajados. Jéssica complementa que, ao se sentirem ansiosos e esgotados, os educadores enfrentam grandes dificuldades para desempenhar suas funções de maneira eficaz.

Giovana Wrubel também enfatiza a necessidade de olhar para os aspectos sociais que influenciam a saúde do professor, bem como para os desafios presentes no ambiente da sala de aula.

Como a educação socioemocional pode contribuir para a saúde mental do professor?

Nesse ponto, Jéssica destaca uma realidade importante: as gerações mais novas já estão mais familiarizadas com o conceito de letramento socioemocional, um recurso valioso que muitos professores não tiveram a oportunidade de desenvolver durante sua formação.

Por isso, a falta de formação em educação socioemocional entre os próprios professores complica ainda mais o gerenciamento desses desafios emocionais. Quando a educação socioemocional está presente no cotidiano escolar, a maneira como o ensino e o cuidado são conduzidos na escola muda significativamente.

Para isso, é essencial incorporar a educação socioemocional não apenas como um conteúdo a ser ensinado, mas como parte da estrutura e cultura organizacional das instituições de ensino.

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Jéssica também ressalta que a transição de uma educação voltada exclusivamente para o mercado de trabalho para uma educação focada na vida como um todo é um reflexo dessa nova necessidade. A formação oferecida pelas escolas deve ser integral, considerando todos os aspectos do desenvolvimento humano.

Práticas socioemocionais para a saúde mental dos professores

Integrar a educação socioemocional à gestão escolar significa adotar uma gestão democrática, em que o Projeto Político-Pedagógico (PPP) da escola reflita o compromisso com a saúde mental dos professores.

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Para fazer isso, é necessário também criar ações específicas voltadas para o bem-estar dos educadores. Nossas especialistas destacam algumas delas:

Assembleias escolares

Inspirado no trabalho de Ulisses Ferreira de Araújo, “Assembleias escolares: um caminho para a resolução de conflitos”, a adoção de assembleias é uma prática valiosa. Esses encontros criam espaços democráticos de diálogo, em que todos têm voz ativa na resolução de conflitos e na tomada de decisões.

Redes de apoio

A formação de redes de apoio, tanto entre professores quanto entre professores e alunos, fortalece a comunidade escolar, proporcionando um suporte emocional essencial e fomentando relações mais empáticas.

Conselhos escolares

A inclusão de famílias e da comunidade no ambiente escolar por meio de conselhos escolares ajuda a integrar diversos pontos de vista e experiências, enriquecendo o processo educativo.

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Plano de convivência escolar

A elaboração de um plano de convivência escolar, em colaboração com coordenadores e demais membros da equipe pedagógica, é uma prática pedagógica estratégica. Esse plano visa facilitar a resolução de conflitos e promover um ambiente escolar harmonioso e inclusivo.

Parcerias com profissionais da saúde mental

A escola pode estabelecer parcerias com psicólogos e outros profissionais da saúde mental para oferecer terapias e aconselhamento psicológico aos professores. Assim como os alunos, os professores também se beneficiam desses serviços, contribuindo para uma comunidade educacional mais saudável.

Círculos de apoio

Segundo Jéssica, os círculos de apoio também podem ser espaços essenciais para que os professores compartilhem suas experiências, angústias e ansiedades em um ambiente seguro e empático. Reunindo-se periodicamente, os professores podem encontrar juntos soluções para seus desafios, sentindo-se acolhidos e encorajados a buscar ajuda quando necessário.

Esgotamento mental em professores: quais são os sinais?

Giovanna Wrubel enfatiza uma realidade preocupante no ambiente educacional: a intensa demanda de trabalho e de responsabilidades faz com que a saúde mental dos professores muitas vezes seja deixada de lado. Um dos problemas mais sérios nesse contexto é a Síndrome de Burnout, oficialmente reconhecida como uma condição relacionada ao trabalho e que se manifesta em três dimensões principais:

1. Exaustão emocional

É a sensação de estar completamente drenado de energia e entusiasmo para levar adiante as tarefas diárias. Os professores se sentem sobrecarregados e incapazes de recarregar suas energias, mesmo após períodos de descanso.

2. Despersonalização

Caracteriza-se por uma mudança na forma como os professores interagem com outras pessoas. Aqueles que experienciam despersonalização podem começar a tratar os estudantes e colegas de maneira fria e distante, perdendo a capacidade de estabelecer conexões pessoais significativas.

3. Baixa realização profissional

Professores que enfrentam essa dimensão do burnout tendem a se avaliar negativamente, questionando sua competência e eficácia. Eles podem sentir que, não importa o esforço, nunca estão à altura das expectativas, levando a sentimentos persistentes de fracasso.

A identificação precoce desses sinais é essencial para o bem-estar dos professores e a qualidade do ambiente educacional. Reconhecer esses sintomas é o primeiro passo para buscar apoio e implementar estratégias de cuidado e prevenção.

Como garantir que o professor tenha o apoio escolar necessário?

Jéssica reforça a importância do apoio escolar na promoção da saúde mental dos professores, destacando que esse apoio deve ser estruturado de maneira abrangente e sensível. Para isso, algumas medidas são essenciais:

1. Redução do estigma

O primeiro passo envolve combater o estigma em torno dos problemas de saúde mental no ambiente escolar. É vital promover uma cultura de abertura e aceitação, em que buscar ajuda e discutir saúde mental sejam vistos como atos de força, não de fraqueza.

2. Suporte emocional

Como já dito, oferecer suporte emocional aos professores é fundamental. Isso pode ser alcançado com a criação de espaços seguros de escuta ativa, em que os professores se sintam confortáveis para compartilhar seus desafios e preocupações sem medo de julgamento.

3. Valorização do professor

Transformar o ambiente de trabalho em um espaço que valoriza ativamente os professores é crucial. Celebrar as conquistas, por menores que sejam, e incentivar os professores a compartilhar suas iniciativas e sucessos contribui para um ambiente mais positivo e motivador.

4. Educação sobre saúde mental

Educar toda a equipe escolar sobre os sinais de estresse e esgotamento é uma ação preventiva importante. Reconhecer esses sinais precocemente pode facilitar intervenções mais eficazes e evitar o agravamento dos problemas.

Educação socioemocional não é modismo: veio para ficar

Nossos especialistas enfatizam que a educação socioemocional vai muito além de uma simples tendência. À medida que nossa sociedade se modifica por meio das relações, inovações e tecnologias, são exigidas de nós outras habilidades socioemocionais. Portanto, esse assunto sempre será recorrente nos ambientes escolares. Por meio das novas demandas de desenvolvimento de habilidades para lidar com essas mudanças, somos convidados a olhar para a nossa comunidade em um movimento eterno de desconstrução e reconstrução de habilidades, conhecimentos e competências.

Embora implementar a educação socioemocional para professores não seja uma tarefa simples, é essencial criar espaço para essa abordagem, visando soluções efetivas e duradouras. Cuidar de quem educa é um passo essencial para transformar a educação. Por meio desse cuidado e apoio, podemos assegurar um futuro em que o bem-estar dos professores e o sucesso dos alunos caminham lado a lado, fortalecendo as bases para uma sociedade mais empática.

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  • Educação socioemocional
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